quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Intervalos

Pedro gosta mais de mim nos intervalos das relações que vai tendo e fui-me habituando a isso. Se me convida para um café ao sábado, já sei do que tratará a nossa conversa. Mais uma namorada, amiga ou lá o que seja que está a deixar de lhe dar pica. Curiosamente, nunca há uma razão sexual para o afastamento, o que sempre me fez crer que ele não seria muito exigente nessa área. Pelo contrário, o que mais o arrelia, por regra, são as conversas chatas. "Pode-se não falar de nada novo, não é isso", insiste em explicar, mas há coisas que o incomodam. Como por exemplo? Gastar meia hora a falar da colega de trabalho que teve um filho. Como conversa chata puxa conversa chata, os diálogos vão se tornando monólogos e ele começa a desinteressar-se. Um dia contou-me que a Joana se tinha transfigurado à sua frente enquanto falava, falava. De repente, viu um monstro na sua cara. Os olhos desapareceram e no lugar do nariz estava uma tromba. Naquele dia, a história tinha uma nova coordenada: "A Elsa traz brinde". "What?", perguntei?. Tem um filho de três anos e não me apetece andar com o filho.

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