segunda-feira, 7 de abril de 2008

O meu bairro

Abri a janela e vi-me lá fora no meu bairro. A andar por ali e acolá, entre a costureira e a lavandaria, a correr para apanhar o comboio, e deixar o cão encostar-se ao poste para fazer o seu xixi. Que cheiro! A tropeçar na pedra solta das obras. A levar com o sinal "proibido estacionar" na testa. Ele sempre esteve ali, eu é que fui contra ele. Com passo largo para voltar para o sofá confortável. Para o quentinho, para o pijama, para o silêncio quebrado apenas pelo som da televisão da vizinha surda. Era uma rapariga com energia, imparável. Com as mãos na mala procurava a chave. Não a encontrei. Onde teria caído? A bolacha estava dura! Não a podia ter comido. Era demasiado grande. Ficaria engasgada. Ups, claro, deixei-a com o Rui. Ele quis ir tirar uns anúncios de empregos da net. Esqueci-me. Fui-me embora do bairro sem entrar em casa. Por causa dele, vou apanhar frio. Ok: vou fechar a janela.

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