domingo, 13 de abril de 2008

Adivinha lá

Conhecer ou não conhecer, eis a questão. Mas se nem eu me conheço. Criei uma imagem mais ou menos ajustada do que sou com o que acho que transparece, mas, às vezes, parece que não sou nada disso. Sou tão igual a tanta gente. Apetece-me viver com menos palavras. Ditas, sim, claro. Preferia que nos percebessemos melhor por nos olharmos, pela captação de uma energia, uma força. Não gosto nada de pessoas pouco expressivas. Estamos todos um bocado com os médicos do século XXI que são tão irritantes. Nada sabem, até verem resultados de exames. Antes não se fazia nada disso, e eles adivinhavam. Antes é que era bom ir à consulta. Agora é um atrofio. Deixam-te à nora: pode ser tudo, de uma virose (explicação mais usual) a cancro. Alice desabafava assim com Rita, por estar desorientada. O que não estava a funcionar bem com o Francisco? Ele queria conhecê-la, estava sempre a arranjar maneira de saber mais qualquer coisa. E para ela isso era um cansaço. Tinha ali um inspector. Alice preferia um olhar de agrado, magnético, que a levasse a outra galáctica, que lhe provocasse um reacção física não comandada. Preferia que ele alinhasse numa vida solta. Rui não era assim. Rui revelou-se o monstro das certezas.

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