quinta-feira, 25 de abril de 2013

cravos

saiu-lhe das mãos um molho de cravos vermelhos. não cheiravam a nada, estávamos em 2009, o ano em que Lisboa perdeu os aromas. Os lisboetas tinham de imaginar o cheiro das manhãs luminosas e das sardinhas assadas na brasa. Foi um ano vivido em sensação de falta. Os melros voavam sem companhia, por lapso, cortaram-se árvores saudáveis nas ruas erradas. Os chineses, esses, começaram a ser vistos nas ruas, a fazer parte da paisagem; a avenida almirante reis, por exemplo, lavou-se e ganhou nova vida. Quando não me oferecem um molho de cravos no dia de 25 de abril, compro-os eu. Assim que agarro neles, vem para mim a sensação de conquista. não aos mouros, minha, nossa.

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