terça-feira, 26 de abril de 2011

Vento, ventania

Nasceu torta mas endireitou-se. Ficou alta, esguia, e à medida que o tempo passava, ia ganhando encanto. Há pessoas assim, dizia o João. Eram essas as pessoas importantes para ele, as que sabiam envelhecer e ficavam a cada dia mais sábias, elegantemente sábias. Na altura, achei ter percebido. Mas não tinha. Andava preocupada com as borbulhas na testa e com um pêlo nas costas do meu namorado. Gostar em crescendo, isso sim me agarra, dizia-me. Falou-me ainda do vento, do seu gosto em procurar locais com vento para namorar. Lembro-me bem. Eram versos soltos para mim, não tinha de lhes fazer a prova dos nove. Eu? Eu atirava-lhe evidências: tu queres que seja assim!

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