terça-feira, 26 de abril de 2011

Teresa e Paulo

Teresa e Paulo tinham um ponto em comum. À sua maneira, viviam uma personagem que arranjaram sabe-se lá quando. Um dia Teresa contou-me de um acidente de carro dramático, de um filho nascido sem choro e achei que devia ser por ali. Para os desatentos, Teresa era a pessoa mais animada da freguesia. Sempre achei que era personagem, figura de cera. Havia uma caixa cheia de segredos. Paulo não falava mal de ninguém porque não o sabia fazer e tinha sempre uma piada para contar. Nunca me lembro de o ver em baixo ou em cima. Estava sempre bem disposto, mas da mesma maneira, aplicando o mesmo registo. Teresa foi despedida e nunca mais soube nada dela. Paulo despediu-se antes, por ter desistido, não conseguia aturar tanto desdém, e só esta manhã soube dos motivos. Os dois passaram por mim. Paulo parou ontem. Telefonaram-me a dizer.

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