segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Caixa de fruta

Na escola, quando lhe pediram para se desenhar, fez uma árvore. Arminda optou por um tronco alto, esguio, sem se esquecer das raízes. Deixou-as visíveis. Na altura, a professora fez-lhe um reparo duro e inesquecível. Se ficas, não vais, não passeias, não voas. Arminda nunca tinha pensado no movimento, no que este significava concretamente. Ficou dias entretida com aqueles pensamentos, as aves ganharam o foco da sua atenção, de cima viam o que ela nunca veria, e não pareciam preguiçosas, não paravam quietas. Daí nasceu uma pequena máxima: tudo muda. Daqui a segundos pode ser outra coisa. Basta um vento. Uma caneta Bic laranja. Uma caixa de fruta que lhe entre pela casa adentro.

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