sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Vou comprar um cão

Assim que pus um pé no taxi, deixei sair as frase: "Que cão tão branco!". O bicho estava rodeado de três velhotes ao pé do rotunda do Marquês do Pombal. Foi o suficiente para que o taxista começasse a falar do seu rafeiro. "É mais esperto do que muita gente", disse. Perguntou-me se já tive um cão. Respondi-lhe que sim, mas que este morreu. Não fez a pausa que costuma fazer-se depois de alguém dizer que alguém lhe morreu. Apressou-se a contar que o seu rafeiro não faz porcarias em casa e que até sofre com isso, por se conter, até ele chegar. Falava tão animadamente que acabei por trazer à memória os melhores momentos que passei com o meu cão. Ainda disse ao taxista que há quem diga que os cães são tão espertos como as crianças de três anos, um misto de sensibilidade com ingenuidade pura. Abanou a cabeça, dando sinal afirmativo. Os cães sabem ser amigos, prosseguiu. A sua sabedoria ou o que seja que provém da sua genética tem esse dom. Perguntei: "Tem amigos que não sabem ser amigos?". O senhor Zé, como veio a apresentar-se, atirou a resposta certa: "Tenho. São cães de louça".

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