segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Esqueci-me

Uma dor de cabeça maldita. Andava comigo mais coisa menos coisa para aí há uns três dias. Comprei um corrector de olheiras caro. Teve de ser. Mas a dor continuava lá. Quando a Leonor me falou que tinha descoberto na Sara uma paixoneta por ela, ainda me distraí o suficiente para não pensar nela. Ao almoço, mastiguei devagar, para que os maxilares não me atraiçoassem. Muito lentamente. Se o som da dor de cabeça ficasse mais agudo, teria de cortar o cabelo. Talvez fosse isso. Cortar o cabelo poderia ser a solução. Se nenhum comprimido já resultava. Assim fiz. Fui à Ana. Ela é uma cabeleireira experiente. Vai cortar o cabelo que me está a fazer mal. À sua maneira, deu as tesouradas certas. A franja fazia toda a diferença. Deixou-a inclinada de forma a que não se percebesse a sobrancelha mais baixa. Quando me vi ao espelho, achei-me mais arranjada. Gostei da moldura. Ao mostrar-me o que se passava atrás, na nuca, encontrei a tatuagem. Não a via há muito tempo. Tinha-a apagado da minha memória. Passei a mão. Fiz-lhe uma pequena massagem. Tinha-me esquecido dela. Como me podia ter esquecido dela!

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