terça-feira, 13 de maio de 2008

Graffiti

Encontravam-se no bar inglês, no Cais do Sodré. Começavam por falar a cinco à hora, pausadamente. Numa tarde, ficaram ali retidos até o rabo doer. Tinham sempre conversa. Assunto puxava assunto. Eram férteis em palavras, ideias. Naquele microcosmos funcionavam bem. Frente a frente funcionavam bem. Na rua, pelo contrário, funcionavam mal. Ele andava mais acelerado que ela. Felismina tinha de dar uns pulinhos para o acompanhar. Em andamento, Artur falava mais baixo e com a banda sonora da cidade, tornava-se difícil ouvi-lo como deve ser. Era um desgaste passear com ele. Beijá-lo, então, uma trapalhada. Longe de paredes, ele não conseguia concentrar-se. Ela começou então a encostá-lo às paredes quando não lhe apetecia esperar. No início, fizeram muitos prédios e muros de graffiti.

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