segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Estou bem assim

Matilde detestava padrões sociais. Rui ofereceu-lhe flores e ela enfiou-as no caixote do lixo. Não gostava de métodos convencionais de engate. Não ia para a cama quando os outros esperavam que ela fosse. Ria-se das declarações pouco originais, roubadas dos filmes mainstream. Irritava-a a pressão para ser de certa maneira, como se houvesse fórmula única para ser bem sucedida. Pensava nas conquistas contra o uso de peles dos animais, contra a xenofobia e no pouco que significavam em comparação com a liberdade de poder fugir ao estabelecido. Nas poucas vezes que se defendeu nas discussões sobre estilos de vida, deixou todos boquiabertos: "Não será preguiça mental seguir um rumo pré-estabelecido? Ou simples medo de enfrentar o novo?". Insistia na tese de que estava melhor com dois namorados do que só com um. "Eles não reclamam porque estou sempre a esforçar-me por dar o melhor, nada é adquirido". Passava pelo menos uma semana com cada um, mas nunca mais do que um mês. Por vezes, fazia intervalos entre eles, para viajar, tirar cursos de culinária.

1 comentário:

Anónimo disse...

A tua galeria de personagens, D. está cada vez mais fascinante... se elas quiserem vir tomar um chá, um café, um chocolate quente, cá a casa, sou capaz de ter uma listinha de perguntas difíceis para lhes fazer;)...