quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Aspirador

Tinha que perguntar: porquê é que Joana tem tantos aspiradores lá em casa? O mais pequeno, parecido com uma máquina de barbear, foi comprado numa loja dos chineses na Holanda. A sério? Sim, é mesmo verdade. Daí até a conversa saltar para o tema das pessoas que sugam a energia dos outros, o melhor dos outros ou, por outro lado, que puxam o mais depressivo e sinistro dos outros demorou cinco minutos e 33 segundos. Joana contou que teve vários namorados que a deixavam cansada, sem vontade de tomar iniciativa. Quanto mais apaixonada mais lerda ficava. Com Rita, não. Sucedia que ficava mais humorada e viva do que era costume. Maria inspirava-se como se tivesse dominada pela força da imaginação. As ideias galopavam-lhe na cabeça. Inês não notava mudança alguma em si. O seu cu de pêra dizia alguma coisa da sua personalidade. Era uma pessoa descaída. As mudanças registavam-se na primeira fase da paixão, claro. Depois vinham os ajustes e com eles as atitudes mais mornas. Joana tinha os aspiradores lá em casa, segundo a própria, porque adorava guardar coisas para dentro. Era uma coleccionadora de pequenas peças. De molas de roupa a caixas de música pequenas. Quando se esquecia do significado do objecto este ia para o lixo. A presença dos aspiradores garantiam-lhe alguma tranquilidade, acabou por dizer, para compor a explicação pouco satisfatória. Rita contou, então, que os últimos três namorados que teve em cinco anos começaram a ter uma vida melhor depois de ela ter passado pela vida deles. Um deles estava lançado... Ela estava convencida que os tinha libertado de uma gaiola qualquer. Veio-se embora quando eles começaram a voar. Missão cumprida!

2 comentários:

Anónimo disse...

Oh pá, GENIAL!!!!!
ADORO AS TUAS HISTÓRIAS E QUERO FILMÁ-LAS.
Tenho uma ideia pra te propor, tou entusiasmadissima.
DEMAIS!!!!!!!!!!!

Bjos mil, de volta à capital amanhã

Laura Ramos disse...

Eu bem disse à mulher que ela tinha futuro... Só ela é que parecia não saber. É um clássico!! :-D