quarta-feira, 14 de março de 2007

sms interminável

Ele convidou-me sem mais nem menos. Eu preferia que tivesse sido outro a fazê-lo. A mensagem escrita falava em passear na Gulbenkian. Mas recusei. Ainda estava a cozinhar uma chatice relacionada com trabalho na minha cabeça e preferi não fazer o esforço de ter de falar, conversar sem dizer nada de jeito. Nesse dia, a sms repetiu-se por três vezes. Vai não vai, "tlin" no telemóvel e mais uma sms. Exactamente a mesma. Não liguei. No dia seguinte, na segunda-feira, acordei com a mesma sms. Foi a minha sobremesa do pequeno-almoço. Não, não podia ser um engano humano. Liguei para a operadora. "Erro do sistema, não temos outra explicação. Desligue e volte a ligar". Assim fiz. Depois de almoço, nova mensagem. A mesma. Com o novo telefonema outra voz sedutora pró-pirosa: "Talvez seja um virús no telefone do seu amigo. Mas, o telefone não está no nome dele, mas de uma senhora. Peça-lhe o número de contribuinte dela para podermos desligar a função". Assim fiz. Ele começou por não perceber, mas lá disse que sim. Não nomeou a proprietária do aparelho. Segundos depois, enviou o número de contribuinte. Telefonei de novo, indiquei o número e respirei de alívio. Quando estava a chegar ao trabalho, sucederam-se várias "tlints". De novo: "Vou à Gulbenkian, não queres aparecer?". Apaguei as três de enfiada. Liguei-lhe de forma resoluta e assertiva, coisa que não faria antes, e depois de um desfilar de disparates da mesma família, resolvemos encontrarmo-nos numa esquina próxima. Quando cheguei a casa, já depois das onze da noite, voltei a receber a mesma sms. Lá estava ela. Respondi então: "Ainda bem que não apareci no domingo".

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