domingo, 6 de janeiro de 2013

Rewind

Não bebe água das pedras há um ano. Era a primeira bebida dos encontros com o José. De tal forma que o abastecimento na despensa se tornou rotineiro. Começaram na esplanada do cinema São Jorge. Beberam-na juntos pela última vez em Alfama. Apagou da memória o nome da tasca. Após o afastamento, deixou de fazer sentido. Ontem, voltou a pedir água das pedras natural, à semelhança do passado, utilizando a mesma entoação de voz, e contou ao Pedro, por alto, o trauma. Ele ouviu-a através dos olhos e disse-lhe a seguir: não a peças ao pé de mim, ok? Calou-se e encolheu-me. Há coisas que é melhor não sabermos, não é?, disse. Meteu a mão à boca para a tapar. Maldita. Não dá para voltar atrás.

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