quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Silêncio

José passou um mês, algures na Índia. Não sabia ao que ia. E encontrou um retiro espiritual destinado aos que querem limpar a mente. Durante 30 dias propôs-se conviver com 55 pessoas, abdicando do uso das palavras. Ali eram proibidas. Não podia falar. Apenas conhecia a Maria, a sua melhor amiga, que com ele aceitou a aventura de ir sem destino certo até onde fosse e lhes apetecesse e o dinheiro deixasse. Em dois dias, fez quatro, cinco amigos. A aproximação baseou-se nos olhares meigos e nas escolha do local para fazer as refeições. Dirigiam-se sempre para o mesmo canto. A meio do mês tinha-se habituado. Começou a ser natural escutar o estômago em funções. Passou a ouvir em bom som o que acontecia no interior do seu organismo. E os grupos foram-se solidificando. A dez dias do fim, Maria começou por se encostar ao ombro do Chris na altura da sobremesa. Ficavam colados e quietos. A seis dias do fim, faziam-no nas pausas dos passeios a pé. A três dias do fim, nos intervalos da exibição dos filmes. Mudos, claro. No último dia, abraçaram-se e despediram-se.






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