quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Tranca a porta

Mário tinha muitas camadas. Parecia calmo e afinal era um tipo ansioso do tipo controlado. Quando estava sozinho com ele, era uma pessoa diferente da que se via entre amigos. E ninguém suspeitava de nada. Mário tornava-se forte, seguro e sexy, quando só me tinha a mim pela frente. O problema dele era a assistência. Se sentia alguém a observá-lo, comportava-se de forma incoerente. Dava sinais confusos. Olhava sem concentração. E o melhor do Mário ainda estava para vir. Comecei a apreciar a forma como ele falava de certas pessoas. Elogiou o discurso simples e arrojado do empregado da pizzaria. Falou do livro que estava a ler como se fosse a sua casa. Um dia, dei por mim a pensar no quanto gostava da forma como ele funcionava se nunca saíssemos à rua.

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