domingo, 20 de fevereiro de 2011

para a Margarida

“Além disso, já não namoramos”, dizia a Margarida. Não estavam juntos, mas ficavam juntos de vez em quando. Não eram namorados. Tinham decidido acabar com aquela relação por motivos claros. Incompatibilidades, resumia a Margarida. Ele fervia em pouca água. "As tuas incoerências, matam-me", barafustava. Ela, por seu lado, irritava-se com a verbalização agressiva dele. Ficava assustada! Margarida chegou a sonhar com os ataques. Ora passeavam descontraídos e dormiam enrolados, ora se zangavam que nem cães. Por vezes, Margarida já não o podia ouvir e ouvir-se. Era dela que também não gostava naquelas discussões. “Por favor, não me digas nada, não me contactes”. E um dia ele obedeceu-lhe. Saiu do Facebook, apagou o número dela do telemóvel. Desapareceu. Ela emagreceu rapidamente durante aquele mês. Perdeu a vontade de cozinhar. Depois disso? Ela foi a casa dele, aceitou a sopa e voltaram ao mesmo.

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