sexta-feira, 12 de julho de 2013
vidro duplo
Matias vestia fato de macaco azul. Alto, forte, habituei-me a vê-lo todos os dias. Costumava estar ao pé da Felismina, minha vizinha costureira. Por vezes, sentado na cadeira, levantava a cabeça para dizer: E a menina, como vai? Ontem, teve uma dor de cabeça insuportável e assustou a Felismina pedindo-lhe para chamar a ambulância. Disse-lhe que ia morrer se o socorro não viesse depressa. Felismina ainda teve tempo para pensar que os homens e o Matias, sábia representação do género, gostam de exagerar nas maleitas. Ao segundo vómito, abriu a pupila e a razão e percebeu que estava diante de uma cena real da série "Anatomia de Grey". O que pensamos para abafar o sofrimento enquanto ele se instala.
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