terça-feira, 7 de maio de 2013
cães de louça
A colecção de cães de louça não é bem uma colecção. São cinco, ao todo. Vieram parar cá a casa por acaso. Cada um traz uma história. Nunca se partiu nenhum, talvez por estarem fora dos aposentos reservados à cozinha. O maior foi oferecido aos meus pais no gozo e reencontrado exactamente na véspera da mudança de casa. O que veio de Moscovo foi comprado enquanto decorria um assassinato à porta do apartamento onde estava instalada. Quando cheguei à entrada do prédio, havia um lago de sangue e salpicos em redor. Subi rapidamente as escadas. Energicamente, de dois em dois degraus. Não quis usar o elevador. A meio caminho, um vizinho nitidamente perturbado, de mãos trémulas, fez sinal, levando o dedo à boca, para me calar. Sentada no sofá extra mole da sala retirei o papel vegetal do embrulho do cão e dei por mim a pensar na morte e na sorte que foi ter estado presa uma hora e meia na loja de artesanato. Primeiro, tive um bloqueio e não me conseguia decidir. Tinha planeado uma compra e não duas. Depois não encontrava o cartão visa em lado nenhum.
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